O narrador propõe-se a
explicar a razão pela qual odeia uma mulher que um dia já amou desvairadamente,
segue-se a representação de sua narrativa:
Passara ele um longo dia
romântico com sua amada, fazendo, ambos, juras de amor e prometendo compartilhar
seus pensamentos de modo que suas almas se fundissem.
Após um “longo dia que
parecera curto” a mulher, cansada, quis sentar-se. Sentou-se então na frente de
um luxuoso café que recentemente estreara, o qual era de um luxo exorbitante, o
gás iluminava as brilhantes paredes, os espelhos, o ouro das molduras, as
damas, as ninfas, as deusas e tudo quanto — de humano e divino — representasse
a gula.
Enquanto isso na calçada, havia
três pobres esfarrapados cujos olhares exprimiam a contemplação e o pensamento
que nutriam em relação aquele suntuoso lugar. O primeiro — um homem grisalho de
uns 40 anos — admirava e imaginava o quanto de ouro do pobre mundo continha
aquele estabelecimento; o menino que segurava a mão do mais velho, igualmente
admirava, mas a consciência advertia-o que só entrava naquele oásis quem não
fosse pobre; o terceiro pobre era uma criança cujo olhar não revelava nada além
de um estupendo júbilo diante daquela maravilha.
O homem com sua amada, enternece-se
e envergonha-se da abundância presente em sua mesa. Fixa seu olhar no daquelas figuras de modo a
dar-lhes seu amor e buscar nelas seu pensamento, quando, sua infeliz amada deplora
a estadia e os olhares daqueles pobres, e dirigindo-se a seu amado solicita que
ele reclame ao dono do café que expulse os pobres dali.
Desse modo o narrador
finaliza a narrativa afirmando a dificuldade de compreensão e incomunicabilidade
dos pensamentos entre ele e sua amada, motivo que explica seu ódio à essa
mulher.